25 de Outubro de 2012
49 – TOCA A MARCHAR
As tropas estão todas
desalinhadas. Dona Suzete segue atrás dos escaravelhos e fareja os locais por
onde os três amigos acabaram de passar. A aranha é meticulosa e não aprecia
desorganização.
O coronel-sapo não
entende como foi possível o João Miguel e o Renato terem escapado dos dentes
afiados de Dom Raimundo. Tinha estudado a estratégia ao pormenor, tudo
preparado na perfeição para os capturar, mas eles conseguiram fugir da boca do
jacaré num golpe de sorte.
O macaco Isidoro dá
saltos e piruetas, berra e esbraceja com excitação, rodopia e bate com os
punhos no chão, assustando o Medina. O gato-guarda fica logo com o pelo
eriçado. Está nervoso com a situação e põe as unhas de fora, com vontade de as
usar. Segura na lança afiada, aponta-a em frente e segue disparado atrás da
aranha branca e dos escaravelhos.
O coelho Belchior
vira-se para o coronel-sapo e começa a cantar:
Um, dois, três, quatro,
o exército enganado
Cinco, seis, sete, oito,
não pode ficar parado
Nove, dez, onze, doze,
vai seguir para aquele lado
Um, dois, três, quatro,
as ordens do Mestre Tino
Cinco, seis, sete, oito,
são para prender o menino
Nove, dez, onze, doze,
cumpra-se esse destino
Mande pular os soldados
Faça calar o ministro
Os sapos estão irritados
Com o macaco sinistro
Só um sapo caçador
Sabe como é importante
Para o Tino ditador
Apanhar o Visitante
O Medina foi-se embora
A aranha já partiu
É chegada a nossa hora
De marchar com muito
brio
Para o menino prender
Vamos saltar na floresta
Sabemos o que fazer
Vai ser uma grande festa
Okatonga transforma-se.
A floresta pacífica é
invadida por centenas de escaravelhos velozes que avançam, às cegas, por entre
a vegetação. Dona Susete segue-os numa solta correria, bisbilhotando os
trilhos, olhando para todos os recantos. A aranha branca marca zonas especiais
com teias finas, e prepara armadilhas com teias mais resistentes.
O Medina corre muito depressa,
de lança erguida, como se o mundo fosse acabar. Afasta e corta a vegetação que
lhe surge à frente, salta de galho em galho, de tronco em tronco e de raiz em
raiz, numa algazarra descabida.
Os soldados-sapo marcham
e pulam pela floresta, como se estivessem numa festa, fazendo um enorme
alarido. Deixam um rasto de destruição atrás deles que ainda fica pior com as
manobras desenfreadas e quase alucinadas do Isidoro, que não se consegue
acalmar.
Belchior e o coronel-sapo
marcham com as tropas, fazendo um ar muito compenetrado.
O ministro distribui
pontapés e socos em tudo o que encontra no caminho, e faz tudo isso lançando
berros estridentes. Os pássaros levantam voo à sua passagem e o céu cobre-se com
bandos de inúmeras espécies.
Em Okatonga nunca tinha acontecido
nada assim.
- OLHEM PARA O CÉU! Estão a ver?
São milhares e milhares de pássaros a juntarem-se aos bandos! O que será que está
a acontecer? – pergunta João Miguel muito admirado.
E os olhos vermelhos do
sapo Renato voltam a faiscar como quando estavam dentro da boca de Dom
Raimundo.
- AI MINHA RICA
MÃEZINHA!
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