terça-feira, 16 de outubro de 2012

CORRER, SALTAR E PULAR


15 de Outubro de 2012

 

44 – CORRER, SALTAR E PULAR


O sapo Renato entretém-se a conversar com o João Miguel, enquanto corre. Resolve manifestar a sua opinião acerca da casa do alquimista.
- A casa do anão Zebedeu é encantadora! Um autêntico tesouro! Não existe outra igual em toda a Okatonga. E tu tiveste a honra de ser o convidado especial do grande alquimista. Conheceste as suas histórias, visitaste o seu laboratório, experimentaste e investigaste com os seus instrumentos. Que maravilha!
A chuva começa a cair com bastante intensidade.
Renato salta com mestria por cima das poças mais largas que se formam ao longo do trajeto e quase é abalroado pelo coelho Belchior, que surge de repente da orla da floresta a pular ligeiro.

Um, dois, três, quatro
Um tesouro no jardim
Cinco, seis, sete, oito
Vão procurar para mim
Nove, dez, onze, doze
Dizem não, ou dizem sim?

Um, dois, três, quatro
Saltei o mais que podia
Cinco, seis, sete, oito
Fosse de noite ou de dia
Nove, dez, onze, doze
Sempre em grande correria 

Um, dois, três, quatro
A aranha está perdida
Cinco, seis, sete, oito
Derrotei-a na corrida
Nove, dez, onze, doze
Ficou com uma pata ferida

Um, dois, três, quatro
Já podemos regressar
Cinco, seis, sete, oito
Está na hora de pular
Nove, dez, onze, doze
E nossos reis libertar

Anões, sapos e coelhos
Foste tu que desejaste
Bruxas, florestas e espelhos
Nesta história onde cresceste 

As bruxas da floresta
Deram-me um forte perfume
É uma rara vitamina
Que terás de pôr ao lume

Mas cheira com atenção
Esse cheiro venenoso
Podes perder a razão
E tornares-te um mentiroso 

O unguento gorduroso
Vai ajudar-te a vencer
O ministro poderoso
Que não sabe o que é perder

Um, dois, três, quatro
Venham, sigam-me agora
Cinco, seis, sete, oito
Eis que já chegou a hora
Nove, dez, onze, doze
De abalar daqui para fora 

Cai uma chuva copiosa!
O sapo Renato, o João Miguel e o Belchior estão completamente encharcados. O menino fica surpreendido com este súbito regresso do coelho, que só diz coisas estranhas, e não confia em nada do que ele afirma.
O sapo Renato inspira-lhe muito mais confiança!
O coelho comporta-se como um louco, está constantemente aos pinotes, a correr e a saltar em todas as direções sem sentido aparente. Grita coisas incompreensíveis, sempre em verso, sempre a rimar, como um autêntico maluquinho que perdeu o juízo de vez.
O amigo batráquio resolve começar a perseguir o animal felpudo com o menino a tentar alterar a situação.
- Renato, não sigas o louco do Belchior! Ele é estranho, está cheio de pressa e as suas atitudes não parecem ser sensatas. Estás a ouvir-me Renato? Por favor, não vás atrás dele, escuta o que te digo! RENATO! RENATO! Para de seguir o coelho, Renato! Por favor, faz o que eu te digo!
Mas o sapo mantém-se em perseguição. Está surdo às palavras do menino, segue hipnotizado, muito atento à corrida acelerada que o Belchior iniciou pelo interior da floresta enlameada.
Correm debaixo da chuva intensa através da qual mal conseguem ver.
- RENATO, POR FAVOR, NÃO SIGAS O COELHO BELCHIOR, ELE É MUITO, MUITO ESTRANHO…
E, desta vez, o sapo responde à prece do João Miguel:
- Calma, não te apoquentes. Eu sei aquilo que faço. O Belchior é mesmo assim, um coelho felpudo e meio lunático, mas precisamos da sua ajuda para sairmos das profundezas de Okatonga, caso contrário arriscamo-nos a andar por aqui às voltas para todo o sempre!
O menino fica mais tranquilo. Agarra-se como pode ao sapo veloz que persegue o semialucinado Belchior que pula à frente deles a uma velocidade ainda mais estonteante.
 

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