terça-feira, 10 de julho de 2012

CARROSSEL



10 de Julho de 2012

35 – CARROSSEL


Um corredor longo, de paredes e teto espelhados, estende-se até onde a vista alcança. O soalho, velho e carunchoso, estala todas as vezes que Renato salta e aterra. O corredor espelhado parece não ter fim. Espelhos e mais espelhos multiplicam imagens do menino e do sapo colorido, dando a ideia de que um exército de Joões Miguéis e de Renatos invadiu a casa de Zebedeu. As cores refletidas são semelhantes às luzes de carrosséis dos parques de diversão.
O menino agarra-se ao pescoço do sapo-guarda para não cair, e aperta as pernas com força contra o corpo do batráquio.
Zebedeu é um ótimo ciclista. A marca deixada pela sua bicicleta é uma linha reta exemplar que divide o chão em duas perfeitas metades.
Durante a longa perseguição, a linha reta torna-se curva, cada vez mais curva e apertada, até que se fecha numa circunferência de raio limitado. Renato salta e salta mas não avança para lado nenhum.
O soalho de madeira é agora o chão circular de um imenso carrossel rodopiante, muito antigo e muito bonito. A música que toca é encantadora e possui uma melodia cativante.
Renato sobe e desce mas não anda um único centímetro. O sapo está transformado num animal de madeira do mais maravilhoso carrossel que jamais existiu, e tudo isto aconteceu tão depressa que o João Miguel nem se apercebeu.
No carrossel existem muitos animais fantásticos que sobem e descem ao ritmo da bela melodia. O menino entrevê mais dois sapos-guarda como o Renato. À esquerda, quase ao seu lado, encontra-se um gato gigante, e à frente do gato está uma enorme ratazana com cores exóticas. Do lado direito, ligeiramente à sua frente, encontra-se um simpático coelho de orelhas arrebitadas. Atrás do coelho segue uma aranha cor-de-pérola com patas e focinho levemente rosados e brilhantes que piscam sem parar. No carrossel existe ainda uma carruagem esplendorosa puxada por seis cavalos negros, uma bonita raposa, um macaco e dois escaravelhos com manchas pretas, verdes e amarelas. O menino fica intrigado com a estranha composição do carrossel. Desmonta do sapo Renato para investigar o outro lado do brinquedo e encontra dois gatos siameses, um porco cor-de-rosa, outro gato gigantesco e listrado, um ouriço luminoso, um morcego avermelhado com asas cor-de-laranja, um cão com focinho de buldogue e corpo de leão e, logo atrás da aranha branca, a velha bicicleta do anão Zebedeu.
- Que carrossel encantador! É tão bonito! É um verdadeiro espanto! – diz o menino maravilhado com a obra de arte.
No teto do carrossel, todo forrado com espelhos, os animais dançam ao som da música num bailado fascinante.
- Vou andar em todos os animais! Vou entrar na carruagem, montar os seis cavalos, voar no morcego encarnado, cavalgar a raposa, o porco e a aranha. Vou divertir-me tanto neste carrossel!


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