quarta-feira, 27 de junho de 2012

PROMESSA É PROMESSA



26 de Junho de 2012

24 – PROMESSA É PROMESSA


Está muito calor no interior profundo da grande floresta de Okatonga. Os pés do João Miguel ardem-lhe dentro das negras botas que os protegem. Foram gastas muitas horas a caminhar. A tarde caiu, é quase noite outra vez.
Esmeralda pouco falou durante o longo passeio. O destino, que disse estar perto, afinal, estava bem distante. Os dois seguem pela densa vegetação há quase oito horas desde que Dona Suzete os tentou engolir. Comeram apenas alguns frutos que encontraram pelo caminho e beberam água fresca de uma cascata que descia até um pequeno lago com forma circular. A vontade de nele se banharem foi grande, mas só havia tempo para matar a sede antes de seguirem viagem.
Andaram toda a tarde e o resto da tardinha, avançaram determinados, andaram e andaram e andaram sem repousar.
Continuam, já quase noite, a subir por uma pequena elevação de terreno que acaba com as últimas forças do João Miguel.
- Estou cansado, Esmeralda, muito cansado, e ainda está muito calor! Podemos descansar um pouco, só um instante, antes de continuarmos a avançar? Já não sinto as pernas, tenho os braços e as mãos feridos, trago o cabelo carregado com folhas e galhos e estou farto de caminhar. Acho que estamos perdidos. Afinal de contas, para onde é que tu nos estás a levar?
No cimo da pequena colina, Esmeralda observa a paisagem. Um sorriso ilumina-lhe o rosto. A jornada está bem perto do fim.
- É ali, João Miguel, lá em baixo, junto àquela acácia centenária, que acaba a nossa viagem. Só falta mesmo um bocadinho.
João Miguel não escuta as palavras da menina, tal é o seu cansaço. Está sentado com as pernas estendidas e os braços esticados ao lado do corpo, de mãos abertas, apoiadas no musgo. Só pensa em tirar aquelas botas negras para dar alívio aos pés. Um dia inteiro passado a marchar. Okatonga é uma floresta labiríntica, feita de verde, muito quente e abafada, com uma densa e quase impenetrável vegetação.
Os efeitos da poção demoraram mais tempo a desaparecer no João Miguel. Por esse motivo, a primeira fase da viagem não lhe custou tanto a realizar. Mas agora está vencido pelo cansaço, pela fome, pelas dores e pelos pés doridos.
- Ali, João Miguel, é ali em baixo que fica aquilo que procurava! Finalmente chegámos!
Esmeralda tem de dizer que destino é este que tanto desejava. João Miguel tem a boca seca, as pernas trémulas e sente os pés a latejar, mas isso não o impede de perguntar:
- Estiveste calada quase toda a viagem. Pensei que estavas perdida. A tua cara só mostrava preocupação e a tua testa desenhava linhas carregadas de dúvidas.
A menina coloca-se de joelhos bem pertinho do João Miguel. As mãos estão coladas às dele e os seus olhos verdes brilham de contentamento.
- Chegámos ao domínio privado do famoso anão Zebedeu! Ali em baixo fica o lugar que todos gostariam de descobrir, é o local mais secreto e procurado de toda a floresta de Okatonga. A minha preocupação e o meu silêncio deveram-se ao secretismo da nossa missão. Nada nem ninguém nos podia seguir. Nada nem ninguém podia suspeitar que vínhamos visitar o anão alquimista. Tu não sabes, mas foi ele que me pediu para eu te ajudar.
João Miguel fica espantado com a novidade. Esmeralda não só conhece o lugar onde Zebedeu se esconde, como foi o próprio anão alquimista que lhe deu instruções para ela o ajudar.
- É verdade o que me contas? Esta viagem trouxe-nos até à casa de Zebedeu? – pergunta o menino com satisfação. – Terei muito prazer em o conhecer.
Encontrando energia onde estas não existiam, João Miguel levanta-se, sacode o pijama, sacode as mãos e o cabelo e fica pronto para a derradeira etapa da viagem.
- Sim, João Miguel, é mesmo verdade. Ali em baixo fica o refúgio de Zebedeu. Foi ele que me disse para eu te ajudar, mal tu chegaste a Okatonga, e eu assim fiz, conforme prometido.

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