quinta-feira, 29 de novembro de 2012

À PORTA DO FAROL



28 de Novembro de 2012

57 – À PORTA DO FAROL

A inesperada aparição de Belchior deixa o João Miguel inquieto.
Como terá o coelho conseguido chegar aqui tão depressa?
As tropas do coronel-sapo foram derrotadas com a ajuda das forças aéreas de Dona Beatriz, e os ministros encontram-se muito distantes. Estão afastados da capital nas profundezas da floresta de Okatonga, bem perto do grande lago negro de Dom Raimundo. Nem mesmo dando uso a toda a sua rapidez, o coelho conseguiria regressar à cidadela num tão curto espaço de tempo.
O menino está convencido que tudo não terá passado de uma simples miragem motivada pelo cansaço.
- Tenho de subir o farol para salvar os reis de Okatonga.
A extensa e larga avenida convida ao passeio. Converge desde o lago até um portão de ferro junto ao qual se ergue o imenso farol.
Os passeios ao longo da alameda são bastante largos e contêm dezenas de candeeiros e muitas árvores frondosas. Ao meio da via, intercaladas por meia centena de metros, encontram-se seis calçadas esguias, cada uma com quatro palmeiras altíssimas, transmitindo a bizarra sensação de que a avenida está sempre a crescer.
O menino anda pela via uma boa meia hora até conseguir chegar perto do farol. O rosto muda com o espanto causado pela imensa construção cilíndrica.
- ENA PÁ! O farol deve ter uns duzentos metros de altura! E esta estrutura de pedra que o suporta não terá menos de cinco. Os degraus que subo estão como novos, todos em laje, e esta porta de entrada é colossal, construída em madeira maciça. Reparo que não tem nenhum tipo de fechadura, nenhuma maçaneta, nem campainha nem qualquer abertura.
O edifício é colossal, e encontra-se tão limpo e tão radioso como se o tivessem acabado de pintar.
- QUE LINDO! É mesmo bonito! E este jardim de Okatonga não seria o mesmo sem este monumento espantoso. Pena é que o Mestre Tino se tenha lembrado de o transformar numa prisão. Mas que ideia sinistra a do buldogue ditador.
Sem mais demoras, o menino bate na porta e empurra-a, tentando abri-la com estes gestos simples.
A entrada permanece fechada.
- Que porta invulgar, sem fechadura, sem campainha nem sino para tocar! Mestre Tino deve ter inventado este sistema de clausura para trancar para sempre os reis de Okatonga. Mas que mente tão diabólica.
Do alto da construção, as vozes continuam a lançar aos ventos apelos impacientes:
- Aqui em cima! É aqui em cima, no alto do farol, que terás de nos vir salvar!
O menino olha para o topo da estrutura e pensa em voz alta:
- É impossível chegar até lá acima pelo lado de fora. Que bom seria se eu fosse uma coruja como Beatriz, e tivesse asas para voar. Seria fácil e rápido. Assim, não me resta outra alternativa que não seja a de tentar abrir a porta. Mas como fazê-lo se não existe nenhuma fechadura ou ranhura?

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