terça-feira, 29 de maio de 2012

CHEIRINHO A CHOCOLATE



28 de Maio de 2012

16 – CHEIRINHO A CHOCOLATE


Os animais ficaram alterados desde que os odores a chocolate invadiram o salão.
- Mestre Tino, descobri um pedaço de cristal partido junto à porta vermelha. Por pouco não me cortei! – exclama Amora por entre duas lambidelas ao leite derramado.
- Descobri outro pedaço de cristal junto à porta vermelha, Mestre Tino. Por pouco não me cortei. – explica Aroma com os bigodes a pingar leite de cabra fresco.
- Descobrimos muitos pedaços de cristal espalhados pelo chão e por pouco não nos cortámos! – insistem os gatos siameses enquanto limpam com as línguas os restos de leite que ainda molham o soalho.
Mestre Tino está descontrolado. O odor intenso a bolo de chocolate entra-lhe pelas narinas. Os olhos mudam de cor, as pupilas dilatam e na boca imensa nasce um oceano de saliva. É tanta a água que lhe sai pela boca que logo o salão fica inundado. A sua língua rosada anseia pela primeira fatia do bolo que nunca mais chega.
Os outros animais também salivam abundantemente pela boca e trazem as línguas de fora. Os olhos mudam de cor, as pupilas dilatam e até Belchior, que já se encontra sentado, se baba como um pequeno bebé de colo.
- TRAGAM IMEDIATAMENTE O BOLO DE CHOCOLATE! – grita Mestre Tino – TRAGAM-NO JÁ OU CORTO-VOS AS CABEÇAS!
- Credo! – exclama João Miguel muito incomodado – Nenhum bolo é motivo para que se corte a cabeça de alguém. Eu já matei a fome com as deliciosas bolachas que me ofereceram, Mestre Tino, e o leite fresco também estava muito bom. Não mande cortar cabeças por causa de um pequeno atraso num bolo de chocolate, por favor!
O buldogue está enfurecido e não escuta até ao fim as palavras do menino. Salta da sua poltrona, desembainha uma luzidia espada de lâmina afiada e corre desalmado na direção da sala por onde sai o perfume achocolatado e vocifera:
- É AGORA, É AGORA QUE AS VOSSAS CABEÇAS VÃO ROLAR! AS MINHAS ORDENS SÃO PARA CUMPRIR E EU ORDENEI QUE O BOLO FOSSE SERVIDO!
A raposa Judite, o macaco Isidoro, o gato Medina, os siameses Aroma e Amora, o porco Baltasar e até o coelho Belchior tentam segurar o grande cão que brande a espada por cima da cabeça em repetidos movimentos circulares.
A maior das barafundas está instalada junto à salinha. A preocupação dos animais é a de não serem feridos pela espada rodopiante de Mestre Tino. Tentam evitar que o grande cão corte a cabeça aos cozinheiros. Ninguém faz bolos de chocolate mais saborosos do que eles!
Esmeralda aproveita a confusão para se aproximar da cadeira onde João Miguel está sentado e faz-lhe sinais com as mãos para que desça. O menino obedece! Agarra-se com todo o cuidado à alta cadeira e desce fazendo força com os braços e com as pernas como um hábil alpinista.
- Agora, vamos! Temos de fugir mal as ruas e todos os edifícios voltem a mexer-se e a transformar-se. Vão crescer, encolher, esticar e rodopiar. O teto e estas quatro paredes vão-se abrir e assim que isso aconteça, nós corremos a toda a velocidade na direção da floresta! Lá estaremos em segurança.

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