24 de Abril de 2012
6 – BELCHIOR
- Um, dois, três, quatro, semeada no jardim
Cinco, seis, sete, oito, uma flor carmesim
Nove,
dez, onze, doze, com perfume de jasmim
Um, dois,
três, quatro, semeada no quintal
Cinco, seis, sete, oito, uma flor do olival
Nove,
dez, onze, doze, com perfume outonal
. Um, dois, três, quatro, semeada na planura
Cinco, seis, sete, oito, uma flor cor de doçura
Nove,
dez, onze, doze, com perfume de aventura
. Um, dois, três, quatro, semeadas pelo campo
Cinco, seis, sete, oito, as flores cor de sarampo
Nove,
dez, onze, doze, brilham como o pirilampo
. Um, dois, três, quatro, semeada neste vale
Cinco, seis, sete, oito, uma flor perdeu o caule
Nove,
dez, onze, doze, foi parar ao hospital
. Um, dois, três, quatro, está na hora de saltar
Cinco, seis, sete, oito, temos tanto para andar
Nove,
dez, onze, doze, antes do dia acordar
E foi assim, com esta estranha ladainha, que um grande
coelho cinzento despertou o João Miguel.
Muito ensonado, sem saber se estava a sonhar, olhou
para o animal que o aguardava sorridente.
- Olá! Está na hora de acordar! O meu nome é Belchior.
Estou aqui para te ajudar…
mas antes que tu perguntes
dou-te uma informação
eu falo sempre a rimar
por causa da tradição
anões, sapos e coelhos
bruxas, florestas e espelhos
foi o que tu desejaste
nesta história que não leste
é hora de levantar
precisamos de fugir
antes do sol acordar
e esta gruta ruir
O João Miguel só teve tempo para pegar na caixa branca
pois Belchior já saltitava veloz na direção de Okatonga. O coelho fazia muitos
gestos e sinais para que ele o seguisse.
- Espera, espera por mim Belchior! Não saltes assim
tão depressa… espera por mim!
Foi assim, desta maneira acelerada e quase sem dar por
isso, que o João Miguel se aventurou pela escura e gigantesca floresta de
Okatonga.
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